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ToggleO Brasil vive uma expansão impressionante das fontes solar e eólica, consolidando-se como um dos países mais competitivos em energia renovável. Porém, esse avanço traz consigo um ponto crítico: a infraestrutura atual do Sistema Interligado Nacional (SIN) não consegue aproveitar tudo o que geramos.
Como profissional atuante no setor, é impossível ignorar a transformação que vem ocorrendo. Usinas solares e eólicas produzem cada vez mais, mas parte dessa energia simplesmente não encontra caminho na rede. O resultado? Desperdício, perdas financeiras e menor previsibilidade operacional.
É nesse cenário que o armazenamento com baterias de lítio deixa de ser tendência e passa a ser necessidade estrutural.
O problema crescente do curtailment no Brasil
No contexto elétrico, curtailment é quando o operador do sistema precisa cortar ou reduzir a geração de fontes renováveis. Isso pode ocorrer quando há energia demais no sistema naquele momento, a rede não tem capacidade para transportar tudo ou há risco de instabilidade.
Em resumo: é energia limpa sendo desperdiçada.
As projeções são contundentes: estudos apontam para um crescimento de até 300% no curtailment até 2035 se nenhuma ação estrutural, como armazenamento, for adotada.
Em um único mês, outubro de 2025, foram cortados 5,9 mil GWh de energia renovável. Isso representou cerca de R$ 1,1 bilhão em perdas.
É difícil imaginar algo mais contraditório do que cortar energia justamente no país onde ela é mais abundante e barata.
Reflexo no SIN
Quando fontes renováveis são desligadas, o sistema sofre:
- perda de eficiência,
- desvalorização da geração solar e eólica,
- maior necessidade de térmicas,
- menos confiabilidade estrutural.
E vale reforçar: a rede de transmissão brasileira está longe de acompanhar o crescimento acelerado das renováveis. Esse descompasso cria gargalos que já são perceptíveis em regiões como Nordeste e Centro-Oeste.
Baterias de lítio são a solução inevitável
Redução direta do curtailment
Isso significa que usinas poderão finalmente produzir todo o seu potencial, sem depender exclusivamente da capacidade da rede naquele instante.
Além disso, ao armazenar energia quando ela é abundante e liberar nos horários críticos, as baterias evitam cortes, reduzem o despacho de térmicas, diminuem o custo operacional do SIN e contribuem para tarifas mais estáveis.
Flexibilidade operacional: um ganho valioso
As baterias trazem também três funções essenciais para a operação moderna. São elas o equilíbrio entre oferta e demanda, a resposta ultrarrápida para distúrbios e o deslocamento estratégico de energia ao longo do dia.
Conceitos como overbuilding + armazenamento já são amplamente discutidos no mundo: produz-se mais do que a rede comporta porque se sabe que o excedente será armazenado. É assim que países maduros estão operando.
Vantagens práticas para os consumidores Grupos A e B
Grupo A: eficiência e economia real
Empresas de média e alta tensão têm duas grandes vantagens:
- Peak Shaving – Uso de baterias para reduzir a demanda máxima registrada no mês, diminuindo a demanda contratada ou faturada.
- Phase Shifting – Alteração inteligente do horário de consumo. A empresa “empurra” parte de seu uso para períodos mais baratos, carregando as baterias fora do pico e descarregando no momento estratégico.
Ambos os serviços reduzem custos, aliviam a rede e tornam a operação mais eficiente.
Grupo B: mais autonomia e menos imposto
Para residências e comércios:
- Mais autonomia energética,
- Uso da energia solar mesmo durante quedas da rede,
- Possibilidade de utilizar a energia armazenada e evitar cobranças como o Fio B.
Cenário regulatório atual: a porta finalmente está se abrindo
Já é possível perceber, mesmo que aos poucos, a introdução de novas soluções para a geração de energia no mercado. Dentre elas, algumas populares permitem a integração de baterias.
Inversor Retrofit
Inversor com acoplamento AC ou DC, permite que o consumidor inclua armazenamento em seu sistema on-grid, sem necessidade de troca do inversor já existente. O retrofit, democratiza o uso de baterias e não exige desmontar o que já existe.
Sistemas zero-grid
Sistemas que podem operar sem injeção na rede, ideal para situações onde o consumo instantâneo é alto, ou seja, consumidores de consumo predominantemente diurno. As baterias garantem o abastecimento local sem sobrecarregar a concessionária.
Fast-track para inversores até 7,5 kW
Algumas concessionárias já criaram linhas rápidas de aprovação para projetos com inversores de até 7,5 kW na modalidade de autoconsumo local, dispensando assim, possíveis análises de inversão de fluxo.
Com baterias, é possível injetar energia nos horários de menor carga, como madrugada.
Isso reduz picos de injeção diurna, equilibra a rede e abre espaço para modelos de remuneração futura.
E por que o lítio domina a tecnologia para essas aplicações?
As baterias de íon-lítio se tornaram padrão mundial por apresentarem:
- alta densidade de energia,
- eficiência e segurança elevadas,
- longa vida útil,
- escala global de produção,
- queda contínua nos preços.
Alternativas como chumbo-ácido ou sistemas de bombeamento são úteis em nichos, mas não atendem à escala e à flexibilidade exigidas pelo mercado brasileiro. Na maioria dos casos, hoje são utilizadas baterias Fosfato de Ferro-Lítio (também chamadas de LFP ou LiFePO4).
Apesar da carga tributária que ainda pesa sobre o setor, estimada em cerca de 79% do custo final, o movimento regulatório recente indica um rumo claro: o país está incentivando o armazenamento.
Incentivos e impactos futuros
A política energética começa a reconhecer o valor do armazenamento. Entre os avanços:
- MP 1.304/2025, com incentivos à importação de baterias e estruturas BESS.
- Discussões sobre leilões dedicados a armazenamento, prática já consolidada em países como Estados Unidos, Austrália e Reino Unido.
- Crescente apoio institucional a normas específicas para sistemas híbridos renováveis + baterias.
Com essas medidas, o Brasil cria as bases para um SIN mais robusto, menos dependente de térmicas e pronto para uma expansão limpa e eficiente.
O que esperar sobre preços das baterias nos próximos anos
O mercado global de baterias segue em acelerada expansão, puxado por veículos elétricos e grandes projetos de armazenamento. Essa escala faz os preços caírem ano após ano. A expectativa, segundo projeções internacionais, é de que:
- o custo por MWh armazenado continue caindo ao menos até 2030,
- o preço por kWh das células de lítio se aproxime de valores ainda mais competitivos,
- novos polos de fabricação reduzam custos logísticos,
- políticas nacionais reduzam a carga tributária para sistemas BESS.
Com tudo o que foi apresentado, uma tecnologia madura, necessidade crescente e custos em queda, fica evidente que o armazenamento com baterias de lítio não é apenas o futuro: é o próximo passo obrigatório da matriz elétrica brasileira.
Em um momento em que o setor elétrico brasileiro exige mais equilíbrio e eficiência, é fundamental que o mercado compreenda a importância de adotar soluções com armazenamento de energia para garantir a saúde e a estabilidade do Sistema Interligado Nacional. Pensar apenas no curto prazo já não é suficiente — consumidores e empresas precisam enxergar o armazenamento como parte de uma estratégia duradoura, capaz de reduzir desperdícios, fortalecer a rede e gerar ganhos econômicos contínuos.
Nesse contexto, a S2V Engenharia, como empresa atuante no segmento, convida você a conhecer as opções de baterias e sistemas híbridos que oferecemos. Além de ampliar a segurança e a autonomia do seu sistema, essas soluções permitem alcançar economia real a longo prazo, beneficiando não apenas o consumidor, mas todo o ecossistema energético. Entre em contato.


